Memória e Identidade

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"Pude experimentar pessoalmente as 'ideologias do mal'; é algo que permanece, indelável, na minha memória. Primeiro foi o nazismo. O que se conseguia ver naqueles anos já era terrível - falo assim porque, então, passaram efetivamente despercebidos muitos aspectos do nazismo. A real dimensão do que grassava pela Europa não foi percebida por todos, nem sequer por nós que estávamos no próprio centro daquela voragem: vivíamos submersos numa grande erupção de mal (...) tanto os nazistas, durante a guerra, como mais tarde, no Leste da Europa, os comunistas procuravam esconder da opinião pública aquilo que faziam. (...) Mais tarde, já com a guerra terminada, eu pensava comigo: o Senhor deus concedeu ao nazismo doze anos de existência, passados os quais se desmoronou aquele sistema; vê-se que tal era o limite imposto pela Providência Divina a semelhante loucura. (...) Se o comunismo sobreviveu mais tempo e, à sua frente, se abrem ainda perspectivas de ulterior desenvolvimento, deve haver um sentido qualquer em tudo isto. (...) Eu pensava, isso sim, que aquele mal deveria de algum modo ser necessário ao mundo e ao homem; de fato acontece, em certas situações concretas da existência humana, que o mal se revele em certa medida útil, enquanto cria ocasiões para o bem. Porventura Johann Wolfgang von Goethe não designou o diabo como 'uma parte daquela força, / que quer sempre o mal e faz sempre o bem'?" João Paulo II