Meu pai, seu porco e eu

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O intrigante título da novela de estréia de Jana Sheerer é apenas uma das surpresas que aguardam o leitor em Meu pai, seu porco e eu . Narrada na primeira pessoa, sob a ótica de uma menina que cresce em Berlim Ocidental, mostrando sua evolução para a maturidade, esta é uma história que fala, basicamente, sobre o amor intenso que os membros de uma família devotam uns aos outros. O tom amoroso reveste a rotina da família de classe média, centro de um universo fantástico criado pela autora para retratar as mudanças políticas, sociais e financeiras que a Alemanha conheceu a partir do fim do século XX. Situações surreais, como o aluguel do porco pelo pai e o insólito presente de aniversário que a menina ganha ao completar treze anos - nada menos que o escritor Günther Grass em pessoa embrulhado em papel de presente transparente -, se sucedem, entremeadas por outras totalmente compreensíveis, como a crença da criança em que todos os parentes eram em preto e branco antes de seu nascimento. A crítica bem humorada à política social do país está no capítulo em que a família tem de abrigar um aposentado, já que os pesados impostos na Alemanha garantem casa e sustento a quem não trabalha mais. O amadurecimento da filha única custa a ser acompanhado pelo pai, que tenta protegê-la das desilusões amorosas e se instala no apartamento da moça para garantir-lhe uma boa refeição, que ele prepara diariamente, ou até uma vaga para seu carro na rua. Ao abordar as dificuldades das decisões da vida adulta, entre elas a escolha de investimentos financeiros, Jana Sheerer apresenta uma visão bem humorada das mudanças que envolvem uma família inteira.Ficção