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Por que ler Borges
About this book
Por que ler Borges é uma questão que não tem a sua melhor resposta na vida do escritor argentino que não viveu exatamente uma existência cheia de acontecimentos. Seguindo o padrão da coleção, a obra é dividida em cinco partes: Um retrato do artista, Cronologia, Ensaio de leitura, Entre aspas e Estante. A primeira é biográfica o que coloca um problema quando se trata de Borges. Inúmeras biografias já foram escritas (e continuam a ser) sem que sua vida tenha sido propriamente aventureira. Pelo contrário. Por isso, as biografias de Borges tendem à repetição e à mesmice e concentram sua atenção em certos episódios, que ganharam condição de determinantes de sua escrita (a viagem na juventude para a Europa, o acidente com o batente da janela que antecedeu a redação de Pierre Menard, autor do Quixote, suas controversas posições políticas, etc.). Ana não deixa de citá-los, mas sabe que, em Borges, o biográfico informa apenas relativa e indiretamente o literário. Há exceções, claro, como o conto O Sul ou o Poema dos dons, mas também aí a passagem do vivido ao escrito é de tal forma mediada que as relações entre vida e obra precisam ser tratadas com cautela. Daí o acerto de sua bonita opção por organizar a seção biográfica como uma seqüência de bibliotecas a imagem mais forte e constante em sua vida e em seus textos. Também a valorização da formação bilíngüe como marca do cosmopolitismo e da pertença borgeana a mais de um universo permite a visualização do diálogo entre o vivido e o escrito sem caricaturas ou determinismos. As informações que a estrutura da seção não comporta para não perder organicidade são transferidas para a parte seguinte, Cronologia que, evidentemente, ordena as experiências pessoais e as publicações de Borges.Ensaio de leitura corresponde ao balanço crítico. Nele, Ana percorre vários momentos da recepção da obra pela crítica e pelos leitores. Percebe as peripécias dos críticos em seu esforço para estabelecer o difícil e complexo lugar de Borges na história literária deste Borges que foi poeta, contista, ensaísta, professor e, sobretudo, inclassificável. Reconhece o peso de suas posições políticas, seja quando tomadas com coragem e decisão, seja quando ambíguas. Principalmente, Ana identifica as variações, ao longo do século XX, das interpretações acerca de seus escritos e reitera a necessidade de lembrar, sempre, que a crítica é um espaço a mais de leitura; portanto, como toda leitura, é dotada de historicidade. Com sutileza, Ana traça seu caminho pelo bosque da crítica e, passo a passo, afirma uma voz capaz de dialogar com as outras, sempre segura de sua perspectiva e sustentada pelas análises rápidas, embora nunca superficiais.As duas partes finais oferecem suportes importantes principalmente para o leitor iniciante: Entre aspas compila excertos de vários textos de Borges, selecionados em função dos comentários críticos anteriores e como painel do conjunto da obra; Estante reúne referências bibliográficas de vários tipos: obras de Borges, edições em português, ficção & ensaística que sofreram sua clara influência, repertório crítico. É útil para quem está começando a ler Borges; é fundamental para quem quer saber mais.Por tudo isso, Por que ler Borges não é apenas um livro necessário. É um passo a mais na constituição de uma borgeana brasileira que já não é tão restrita quanto se imagina e ganha bastante como o livro de Ana Olmos.
Book Details
ISBN13 | 9788525044242 |
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ISBN10 | 8525044245 |
Pages | 119 |
Language | PT |
Import Source | Skoob |
Created At | January 30, 2025 |
Updated At | January 30, 2025 |