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Redação Inquieta
About this book
Um estudante contempla o papel em branco na sala de aula; um jornalista se agonia com o texto que teima em não fluir; um advogado pensa na melhor maneira de traduzir sua tese de defesa de maneira a ser plenamente compreendido pela autoridade. Três situações, um mesmo desafio: escrever, redigir um texto com clareza, concisão e elegância. Para vencê-lo, Redação inquieta, livro do professor, ensaísta e romancista Gustavo Bernardo, pode ser de imensa valia. Na obra, Bernardo desafia alguns mitos comuns entre alunos, professores e até entre escritores consagrados, como o de que escrever bem só é possível a quem tem um dom ou domina este ou aquele conjunto de técnicas narrativas. Em sua reflexão teórica, o autor frisa que seu foco é apostar num ensino de redação menos tecnicista e mais filosófico, sem que isso signifique abandonar a preocupação com correção gramatical, estilo e personalidade.Dividido em sete capítulos de nomes simples como Ato, Método e Estilo, este Redação inquieta parte de uma contundente crítica à escola, que segundo Bernardo atua para tolher individualidades, buscando uma irreal, porque impossível, padronização da maneira de pensar e, consequentemente, de escrever. O autor faz questão de ressaltar que seu livro não é um manual, cheio de truques e macetes para fazer boa redação na aula ou no vestibular, e afirma que seu livro é teórico no sentido mais pleno: o de propor uma hipótese e investigá-la cientificamente, até chegar ou não a uma conclusão apoiada em experimentos.Durante sua investigação, Bernardo não hesita em atacar mitos arraigados na cultura escolar, como o que diz que quem não lê nada, não escreve nada ler é uma necessidade para a própria vida, não só para o aprendizado da escrita, afirma, mas não há linha direta entre ser bom leitor e tornar-se bom escritor. Uma redação, para ele, nunca é produto acabado, mas antes uma espécie de espelho, em que o outro (o que lê) espera encontrar seu reflexo, ainda que distorcido, destacando mais as diferenças que as semelhanças. A redação, prossegue, é uma caminhada que parte do já sabido e reproduzido quase que ipsis litteris rumo ao novo, ao inesperado, fruto das novas combinações de ideias e palavras. Combinações estas que só são possíveis a quem recusa a acomodação e encara o desafio de escrever, rasgar o rascunho (Não acredito na inspiração), reescrever, tornar a avaliar o escrito, reescrever novamente, até chegar a um texto novo, pessoal. A atitude de ler é metonímia da vontade de entender o mundo. Escrever, por sua vez, é metonímia da pretensão de transformar o mundo, afirma.Um dos capítulos do livro, Maniqueísmo, é dedicado ao dualismo bom-mau que tanto atrapalha a formação dos argumentos e a organização da redação ao buscar adaptar o mundo real à simples divisão entre Bem e Mal onde estarão, segundo ele, os adversários da doutrina dominante, qualquer que seja ela. O maniqueísta, ao optar por um dos lados, procurará sempre calar o oponente, que por sua vez lutará contra o pensamento dogmático, doutrinário, do outro. Como marxista de formação, Bernardo ressalta que calar o oponente é sempre parte de uma estratégia de dominação.Lançado em 1985 e depois reeditado, o livro (que passou por revisão e atualização, feitas pelo autor) segue sendo ótima referência em tempos de internet nos quais, se não aumentou o número de novos escritores, certamente cresceu a porção deles que se dispõe a expor seus escritos à avaliação de qualquer leitor com acesso à grande rede para todos que, como o estudante, o jornalista ou o advogado citados no início deste texto, desejem aprimorar filosoficamente sua maneira de pensar o mundo a seu redor e de traduzi-lo em palavras que expressem esse pensar.
Book Details
ISBN13 | 9788532525864 |
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ISBN10 | 8532525865 |
Pages | 240 |
Language | PT |
Import Source | Skoob |
Created At | January 30, 2025 |
Updated At | April 18, 2025 |